OE2022 é "muito liberal, pouco Estado Social"

Na campanha eleitoral, o PS afirmava que este era o Orçamento “mais à esquerda de sempre”. Ganha a maioria absoluta e revela-se o Orçamento do “afinal não”.

O governo opta por deixar em perda quem vive do seu trabalho, num momento em que a economia está a crescer e a produtividade a aumentar. Só os salários é que encolhem.

O governo não atualiza salários porque, diz, teme mais inflação, mas recusa controlar os lucros abusivos que originam a inflação. O governo opta mesmo por deixar à solta quem faz milhões a especular.

O SNS gasta com privados o que não pode investir no seu funcionamento e paga mais a prestadores de serviço do que em salários. Na educação, faltam milhares de professores e não se vê resposta do governo. Não há medidas para a Cultura nem resposta à emergência climática. Na habitação desapareceram compromissos de resposta pública, mas continuam vistos gold, benefícios para residentes não habituais e fundos imobiliários, desregulação do alojamento local.

No debate do programa do governo, o primeiro-ministro proclamou: “o futuro não é liberal, o futuro é do Estado Social”, mas o que se vê com este OE é “muito liberal, pouco Estado Social”. A receita fiscal vai aumentar com a inflação. O orçamento dos serviços públicos é que perde face à inflação. Em plena crise de inflação, o governo exibe um dos défices mais baixos de toda a União Europeia.

Este não foi um Orçamento “da maioria absoluta de diálogo” que António Costa prometeu nas eleições. O Orçamento que sai do parlamento é igual ao que entrou. O PS torceu o regimento e brincou às “cedências”, mas não mudou nada de significativo. O Bloco recusa ser cúmplice de um Orçamento de quebra de salários e pensões, num país de emprego precário e baixos salários, com serviços públicos a degradarem-se.